sábado, 3 de abril de 2010

Um filme que toca

O filme "Uma onda no ar" (Brasil, 2002), dirigido por Helvécio Ratton, poderia muito bem figurar na lista dos indicados ao Oscar. A produção, estrelada por Alexandre Moreno, apresenta um argumento muito convincente e mostra como o cinema nacional pode produzir algo de qualidade sem precisar cair na coisa rasteira de usar o sexo para atrair espectadores.


A obra cinematográfica conta a história de Jorge, um suburbano que ver seu sonho de ser "artista" virar realidade a partir da criação de uma rádio comunitária na favela onde mora. Mas, por causa da burocracia e de uma boa dose de preconceito, a Rádio Favela criada pelo protagonista e alguns amigos é impedida de continuar no ar. No entanto, depois de sua prisão e de muitas situações incompreensíveis, a comunidade da qual Jorge é oriundo se organiza para fazer a rádio voltar a funcionar. O filme é entrecortado por muitas críticas implícitas acerca do racismo e da pobreza. Ou seja, mostra como alguns aspectos sociais podem se sobrepor ao talento e dessa forma impossibilitar que ele se manifeste. A rádio tinha como objetivo educar a comunidade carente.

O curioso é a brincadeira, não sei se proposital, que o nome da rádio faz com um gênero que fez muito sucesso no Brasil: a rádio-novela. É como se o diretor quisesse mostrar que a posição dos opressores do filme não passava de um teatro. A lei não é a mesma para todos. O tom incisivo usado para impedir a Rádio Favela de funcionar era carregado de implicações discriminatórias.

Enfim, o filme toca nos nossos sentimentos e nos faz refletir sobre temáticas que passam despercebidas. Quantos Jorges estão por aí sendo desrespeitados e tendo os seus talentos tolhidos? Inúmeros! É importante não deixar que a frequência das discussões seja como a frequência de uma rádio: passageira! Espero que todo mundo se toque!

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